domingo, 21 de septiembre de 2014

Mentiras Platónicas e amores piadosos






A criação da mentira (I parte)



Mentir é dizer a verdade que gostaríamos...

Nesse momento no que alguem nos faz uma pergunta que desestabiliza a nossa autoconfiança, desconfiamos do questionador e contamos aquilo que achamos que agradará ao outro. Asim enriquecemo-nos da sua confiança (da que acabamos de ser Demiurgos) para devolvermo-nos a estabilidade da nossa própria.

Da mesma forma que ao perceber que o relato de alguem pode superar as expectativas da nossa vida atual ou futura, construímos a verdade que gostaríamos para equiparar ou superar a realidade alheia; também fazemo-lo quando desejamos que a nossa realidade não seja superada pelas expectativas atuais ou futuras alheias.

Contamos a verdade que gostaríamos para preservar aquilo que nos gera estabilidade. Custa tanto contar a verdade objetiva a um desconhecido, como a verdade desejada a quem apreciamos; pois o primeiro representa um papel imparcial na nossa estabilidade e o segundo é a massa que inclinará a um lado ou outro a balança da nossa autoconfiança. Asim, portanto, será mais fácil dizer verdades que atentam contra nossa própria confiança a alguem que não emita juízos de valor; da mesma forma que mentir a quem mantem a nossa autoconfiança à tona da água, para evitar deste jeito que o seu juízo nos afunde.

A mentira por si mesma não existe, carece de indentidade e estrutura. É um meio, uma técnica pela que retroalimentamos o nosso Ego em detrimento do nosso Eu, o qual vê-se frustrado quando essas verdades próprias são desenmascaradas e se tornam as mentiras do outro. É ai quando passamos pela frustração, pois tinhamos deixado a nossa autoconfiança em mãos da confiança do outro; confiança da que, se voltamos ao Início, fomos Demiurgos.

Agora, como Criadores dessa Massa, não temos outra opção que comê-la, degluti-la e indigestarmo-nos, para Finalmente-e se não morremos antes por práticas coprofágicas- desestabilizar o nosso Ego e libertar o nosso Eu para viver com Nossa autocriação.